Dia a dia de uma viagem low cost por três cidades que marcam a história e a contemporaneidade dos Estados Unidos.

Da vida dinâmica e moderna apreciada pelas ruas de Nova York, à atmosfera aconchegante da Filadélfia e as construções monumentais de Washington, D.C. Esta viagem me surpreendeu em muitos aspectos: superou onde as expectativas já eram grandes — quem não imagina como deve ser a "cidade que nunca dorme"? — e me deslumbrou onde eu nem poderia imaginar.
Algo que eu priorizo quando faço minhas viagens é montar um roteiro em que eu possa conhecer e curtir o destino de forma econômica, e que permita uma maior imersão na cultura da região. Então às vezes prefiro me perder pelas ruas locais a pagar caro para ir até um ponto turístico e ter uma foto "instagramável". Para a minha alegria, as três cidades que visitei, além de encantarem por si só, ofereciam um leque de atividades gratuitas.
Abaixo, um resumo do meu roteiro de 15 dias por esses três lugares que consquistaram a mim — e as duas amigas que viajavam comigo — para sempre. Nessa primeira parte, nossos dias pela primeira capital dos Estados Unidos. (Obs: todos os passeios que fizemos eram gratuitos, mas eu coloquei também sugestões de atrações pagas com o seus respectivos valores — e links, caso queira saber mais).
Dia 1
Chegada em Nova York
Nosso vôo chegou por volta das 14:00 de uma quarta-feira pelo Aeroporto John F. Kennedy. Passamos por aquela longa fila da imigração, pegamos as bagagens e fomos até o nosso hotel de metrô. O aeroporto é bem distante, então levamos mais de 1 hora neste trajeto. Nos acomodamos e logo descemos para explorar a região, comer — a essa altura a fome já estava nos derrubando! — e resolver um item bastante importante: um chip de celular que nos desse internet pelos próximos dias.
Ficamos no Broadway Hotel and Hostel, que fica bem ao norte de Manhattam, perto do Harlem e da Universidade Columbia. Por acaso encontramos nessa nossa saída um restaurante típico cenário de Riverdale: o Metro Diner, e foi por lá que resolvemos fazer nossa primeira refeição. Não sei se era a fome, mas devo dizer que foi um dos melhores hambúrgueres que já comi! O preço não é muito barato se comparado a outras redes (o hambúguer clássico, o mais barato do cardápio, saía quase $ 10 no final), mas vale muito a pena.

Depois, procuramos alguma loja de telefonia, já que hoje em dia é fundamental se manter conectado. Compramos nossos chips na T-Mobile, que tem em quase toda esquina por lá. Voltamos para o hotel e nos arrumamos pra ter uma experiência noturna que é a cara de Nova York: ela mesma, a Times Square.
Fomos e voltamos de metrô. Aliás, na maioria das vezes esta é a melhor opção para se locomover pela Big Apple. Mas fique atento, porque a gente teve uma surpresinha na volta. À noite, nem todas as saídas do metrô estão abertas. A nossa era uma delas, e sem saber fomos parar perto do Bronx depois das onze da noite. Então veja sobre o funcionamento da sua estação antes. Elas costumam ter uma plaquinha na entrada informando, ou então na própria plataforma.
Dia 2
De Nova York até Filadélfia
Tínhamos encontro marcado com o nosso ônibus da Megabus às 10:00. Até tentamos chegar de metrô, mas depois de passar por maus bocados carregando o peso das nossas malas para cima e para baixo (era difícil encontrar elevador nas estações, então tínhamos que descer uma a uma naquelas escadas estreitas), não conseguíamos embarcar. Os vagões passavam tão lotados que nem nos cabia — quanto mais as nossas bagagens. Desistimos e chamamos um Uber pois já estávamos em cima da hora.

Pegamos então o ônibus sentido a Filadélfia, pouco menos de duas horas e meia de viagem. Chegando lá, pegamos um táxi até o apartamento no qual iríamos ficar (é tudo bem próximo, então a corrida saiu barata, cerca de $ 10), e em seguida, saímos para conhecer a "cidade do amor fraterno", carinhosamente chamada de Philly.
Nossa acomodação era bem localizada, o que facilitou nossas andanças. Em frente ficava o The Franklin Institute - um museu de ciências com planetário, simuladores e outras exposições interativas ($ 23); ao lado, a Academia de Ciências Naturais ($ 21.95); e a umas quatro quadras, o JFK Plaza, a praça com a famosa escultura LOVE, que foi o nosso primeiro ponto de parada.

De lá já avistamos o City Hall, o prédio da prefeitura. Aliás, ele é visto de vários pontos da cidade, mas da Benjamin Franklin Parkway é uma das minhas vistas favoritas! Uma das coisas que mais me encantou em Philly, — além das ruas extremamente limpas — , aliás, é como as construções históricas entram em harmonia com as modernas em um skyline encantador.

O City Hall foi uma dessas construções que me deslumbrou, de fora a dentro. O seu interior mais parecia uma praça de cidade pequena, com artistas de saxofone e a turma da escola se reunindo no pós-aula e, ao mesmo tempo, o centro administrativo de uma cidade grande, com gente passando às pressas de um lado para o outro com suas roupas sociais e pastas à mão.
De lá, seguimos até Chinatown, onde um dos pontos mais conhecidos é o Arco que fica em uma das entradas do bairro, mas não pare por lá. Assim como em outras grandes cidades, a Chinatown de Philly é um lugar para andar pelas ruas e se sentir em outro continente com tantos letreiros e pessoas falando uma língua totalmente diferente; experimentar a típica culinária oriental; e, claro, se perder nas tantas lojas cheias de souvenirs (normalmente com preços melhores) e utilidades que você nem imaginava serem úteis.

Por fim, descemos até Gayborhood, uma região super descolada, repleta de bares e restaurantes a todos os agitos. No fim do dia nos rendemos ao espírito consumista (risos) e conhecemos algumas lojas bem legais por lá, entre a Chestnut e a Market Street. Aliás, a Filadélfia tem muitas das grandes redes de lojas que tem em outras cidades mais conhecidas, mas lá não é cobrado o imposto sobre vestuário, por exemplo, e sobre outros itens ele é mais barato. Assim, às vezes pode ser um bom lugar para aproveitar e fazer aquelas comprinhas.
Tem Macy's, Ross, Marshalls, T.J. Maxx... Mas a que se tornou uma das minhas favoritas nessa viagem foi a Five Below. Literalmente, tudo por até 5 dólares! Tem souvenir, roupas, doces, acessórios eletrônicos, jogos, itens de papelaria... uma infinidade de coisas com um ar bem criativo. Vale a pena dar pelo menos uma passada por lá.
Terminamos a noite em um restaurante de comida chinesa na Chestnut Street (mas confesso que eu corri na 7/11 pra comprar uma pizza pra mim — e bananas para os próximos dias).

Dia 3
Arte e história na Filadélfia
Ok, isso não é novidade. A primeira capital dos Estados Unidos exala arte e história por onde você passa. Mas este dia, em especial, me deixou ainda mais encantada. Acordamos com uma surpresinha nas notificações do Google: ia fazer MUITO frio aquele dia. Sensação térmica de 1º com possibilidade de neve. Nesta última parte a Siri exagerou, infelizmente tinha nenhum floquinho de neve na rua. De todo jeito, a primeira resposta das mamães do Brasil quando souberam foi: "Não saiam de casa!! Vocês nem tem roupa para isso!". A gente, claro, saiu.
Não só saímos como andamos muito. O dia começaria em um ponto turístico que foi palco de uma cena muito famosa no cinema. Fomos a pé, já que era cerca de 1,3 quilômetros da nossa estadia. O caminho por si só era uma atração à parte. Uma das principais e, na minha opinião, a mais bonita avenida da Filadélfia. Ela carregava por toda a sua — longa — extensão a bandeira de cada país, com o nome em inglês e na respectiva língua (é fácil perceber que Philly é uma cidade friendly e acolhedora em muitos sentidos). No meio, a folhagem das árvores começava a pintar a primavera com seus tons de vermelho.

Pela Benjamin Franklin Parkway, chegamos no Museu de Arte da Filadélfia ($ 20). Na verdade, chegamos antes na escadaria, a famosa escadaria que Rocky subiu enquanta se preparava para enfrentar seu grande adversário. Ela é enorme! Tanto que lá de baixo o — também enorme — museu até parece pequeno. Vi um menino de seus seis anos de idade correndo aqueles degraus imitando a cena do lutador, e é claro que eu não perderia essa oportunidade também. Ao lado das escadas tem uma estátua de bronze do Rocky Balboa, com trecho de uma fala do personagem. Além desta escultura, há muitas outras espalhadas pela área.

Ao som da música tema do filme eu venci (quase) todos aqueles degraus conhecidos como Rocky Steps. Lá de cima, uma vista de Philly que merece ser contemplada. Entramos um pouco para nos aquecer do frio, mas não ficamos, pois além de ter muito a conhecer ainda naquele dia, deixamos a parte de museus para Washington, que tem mais de 20 gratuitos. Para quem tem tempo e gosta de obras de arte e história das civilizações, o da Filadélfia também tem um acervo espetacular, que abrange desde o século I até a arte moderna e contemporânea.

De lá, voltaríamos para o centro. No caminho, um daqueles achados. Entramos na Basílica-Catedral de São Pedro e Paulo por acaso. Pelo lado de fora achamos linda, e entramos para saber como eram as catedrais por lá. E o seu interior... uau! Era de tirar o fôlego. Nunca me senti tão maravilhada com a arquitetura e os detalhes de um lugar. Ficamos muito tempo apreciando e lendo as placas das paredes. Para quem quiser, lá tem tour guiado depois das 11 horas aos domingos.

Após mais uma caminhada, chegamos no Reading Terminal Market, um dos maiores e mais antigos mercados públicos dos Estados Unidos. Uma espécie de Mercado Municipal da Filadélfia. Logo na entrada, tem à disposição um mapa do lugar, que pode ser muito útil para se encontrar e, principalmente, encontrar o que você pretende comer ou comprar. Há uma variedade de coisas desde peixes, hambúrgueres, queijo e pão até comidas típicas de lugares mais exóticos.
E é realmente muito grande e variado. Tanto é que nós meio que nos perdemos. Eu queria experimentar o famoso Philly cheese steak, mas onde tinha as filas estavam enormes. Rodamos o mercado inteiro até escolher o Hatville Deli. Escolhi um "roast beef and swiss combo" ($ 11.25), que era um sanduíche recheado de rosbife e queijo suíço acompanhando um molho muito amargo (que eu dispensei depois de experimentar), batatas e bebida. O lanche era muito saboroso e tão grande que até levamos uma "marmitinha" para a próxima refeição.

Seguimos então para o National Historical Park, um complexo que preserva museus e construções que carregam em si a história da independência dos Estados Unidos. A primeira parada foi no Visitor Center, um centro de informações muito bem estruturado. Tem uma loja de souvenirs com muita coisa legal e uma salinha onde roda constantemente um filme sobre a cidade e suas atrações. É recomendado, inclusive, que o Visitor Center seja a primeira parada em Filadélfia.
O nosso objetivo era conseguir tickets para visitar o Independence Hall, sede de momentos memoráveis da história do país, como a assinatura da Declaração de Independência em 1776 e a promulgação da constituição americana. Infelizmente, não conseguimos os ingressos, pois já era final da tarde. O recomendado é chegar cedo (o atendimento é a partir de 08:30), ir até o balcão e pegar um ticket para o tour, que é gratuito, com horário agendado. Até o horário marcado dá pra conhecer as outras atrações do complexo.

Em frente ao Independence Hall há um anexo com o Liberty Bell. Além dos momentos relacionados à independência, o Sino da Liberdade ganhou esse nome por se tornar um símbolo do movimento abolicionista do país. Na entrada você passa por uma inspeção de segurança como aquelas de aeroporto, assim como na maioria das atrações dos Estados Unidos. Lá dentro, além do sino, tem uma exposição com fotos, registros e painéis contando os fatos históricos sobre o instrumento.

Continuando a rota histórica, seguiríamos para Elfreth's Alley, a rua mais antiga dos EUA, quando fomos surpreendidas por um morador local de seus 70 anos que carregava consigo a sua bicicleta. Pela segunda vez (coincidentemente havíamos encontrado com ele no dia anterior) ele reparou na câmera fotográfica que carregávamos e falou: "vocês querem conhecer um bom lugar para tirar foto?". E nos indicou dois prédios próximos e nos disse para reparar nos tetos e arriscar a tocar o piano de um deles.
O primeiro, na verdade, só olhamos o hall. Era o prédio do consulado italiano e de fato o cenário por dentro era bem bonito. O outro era um prédio histórico que foi sede de uma das maiores editoras americanas, a Curtis Phublishing. O Atrium at Curtis Center é realmente uma bela construção, com uma arquitetura sofisticada, mas não tem nada de "must see". Aproveitamos e sentamos em um de seus confortáveis sofás para nos aquecer e quando voltamos às ruas, não apenas o frio estava de quebrar o queixo como também começava a chover sutilmente.

Conforme descíamos a Market Street em direção à Elfreth's Alley, mais cheia de história e graciosidade ainda a cidade ficava! Nos perdemos e nos achamos diversas vezes entre um ou outro prédio de tijolos vermelhos com portas e janelas que mais pareciam ter saído de um filme de época. Mas como estava quase anoitecendo e o frio e a chuva não davam trégua, achamos melhor voltar para o apartamento.
Dia 4
De Filadélfia a Washington
Nosso check out era às 11:00, e o nosso ônibus, só às 18:40. Ainda tínhamos aquelas três malas grandes e pesadas, o que nos impedia de ficar andando para lá e para cá. Ainda bem, os prédios públicos da Filadélfia são esculturas contemplativas de encher os olhos e não foi diferente com a estação ferroviária em que tivemos que passar o dia todo (o ponto de embarque do nosso ônibus era do outro lado da rua).
A 30th Street Station tem uma arquitetura imponente e neoclássica, com várias esculturas monumentais em seu interior. A estrutura é muito boa, com diversos bancos para descansar enquanto espera (e ainda com entrada USB para o celular e outros aparelhos) e uma praça de alimentação bem variada.

Chegada a hora, seguimos nossa viagem rumo à Washington, D.C. Desembarcamos por volta de 22:00 em outra estação monumental: a Union Station. Como já era tarde e estávamos cansadas de fazer nada o dia todo senão apenas esperar, fomos direto para o hostel nos acomodar.
Nossos dias pela Filadélfia ficaram por aqui. No próximo post eu conto a parte 2 dessa viagem, agora com a atual capital dos Estados Unidos. Não conseguimos visitar algumas atrações que estavam no roteiro inicial (o que é natural, a gente vai sentindo nosso ritmo e se perdendo por outros locais bacanas que não encontraríamos na internet), mas eu deixo abaixo uma lista delas aqui:
- Free Library of Philadelphia (gratuito)
- Rodin Museum (entrada é "pay what you wish" - pague o que desejar)
- Eastern State Penitentiary ($ 14 online e $ 16 na hora)
- Boathouse Row (parque)
- Carpenter's Hall (gratuito) no National Historical Park
- Science History Institute (gratuito)
Com tudo isso e esse clima de "cidade do amor fraterno" eu me apaixonei por Philly, de um jeito que seria hoje o meu lugar dos sonhos para morar. E você, tem dicas + da Filadélfia? Compartilhe aqui nos comentários!
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