Um dia na divertida e irreverente cidade turística que abriga as magníficas Cataratas do Niágara.

Muitas vezes eu vi e ouvi falar sobre Niagara Falls como uma cidade um tanto quanto "cafonamente" turística, com uma rua moldada pelas mais diversas e excêntricas atrações cujas cores, luzes e extravagância tiravam o brilho daquele que deveria ser o verdadeiro espetáculo local. Confesso que a minha principal motivação em ir para as Cataratas do Niagara era conhecer essa irreverente cidadezinha que mais parecia um parque de diversões aos pés das famosas quedas d'água de volumes extraordinários.
Niagara Falls fica a 130km de Toronto, o que leva muitas pessoas a fazerem apenas um bate e volta a partir da atual capital de Ontário. Muitos moradores de Toronto, inclusive, fazem isso com frequência, mas eu diria que para nós, que não moramos lá, Niagara vale uma estadia de pelo menos uma noite.
Na primeira parte deste roteiro eu descrevi os meus dias em Toronto, apenas com passeios gratuitos. Agora, vou mostrar para vocês como foi a minha experiência conhecendo o lado canadense das Cataratas do Niágara.
Dia 5
Ida para Niagara Falls
Saí numa manhã de domingo de Toronto rumo a Niagara Falls. Fui de ônibus com a companhia low cost Megabus, que vende passagens a partir de 1 dólar. Com as taxas e a marcação de assento, o trecho saiu por $6.26 (dólares canadenses), o que ainda é MUITO barato! Após duas horas de viagem, cheguei no terminal rodoviário de Niagara Falls (um tanto mais modesto que o de Toronto, localizado no prédio da CIBC Square em frente à Union Station).
Niagara Falls é uma pequena cidade de quase cinquenta mil habitantes, que vive principalmente do turismo. As vias ao redor das cataratas são cercadas de turistas, belos jardins, construções imponentes e outras um tanto quanto coloridas e chamativas na tentativa de se destacar em meio a tantas opções de entretenimento na Clifton Hill, a rua mais turística. O cenário ao chegar no terminal rodoviário parece de uma cidade totalmente diferente: ruas vazias e antigos prédios de comércio que parecem que deixaram de funcionar há anos. Uma Niagara pacata e parada no tempo, que definitivamente tem o seu charme.
Esperei no ponto em frente ao terminal para pegar o ônibus da linha 204 até o meu hotel. A passagem custou $3 (comprei pelo app Transit, que baixei lá na hora pela indicação da atendente do guichê do terminal, mas você também pode pagar em dinheiro no ônibus se tiver trocado). Em dez minutos cheguei no hotel. Foi bem fácil usar o transporte público (durante toda a viagem, inclusive) me guiando pelo Google Maps ou pelo Moovit.

Me hospedei no Vittoria Hotel & Suites, que foi uma das melhores hospedagens de toda a viagem, mesmo ele estando em reforma, com aquele clima de "desculpe o transtorno, estamos trabalhando para melhor atendê-los". A localização era perfeita, em frente à principal região da cidade (a famosa Clifton Hill) e a dez minutos a pé da entrada para o passeio de barco pelas cataratas. O quarto era enorme, a cama king size, o banheiro amplo... tudo muito limpo e confortável (de repente, pagar R$ 550 na diária por um grande quarto de hotel já nem me parecia mais caro perto das diárias de R$ 600 em quarto de hostel com banheiro compartilhado haha).

Depois de me acomodar, fui encontrar algo para comer na Clifton Hill (que na verdade é o lugar mais caro, porém, pelo tempo que eu tinha, não pude procurar muito). Almocei um combo de frango, batata frita, molho e refrigerante no Pizza Pizza por $20.33.
Depois, desci a Clifton Hill para chegar nas cataratas pois já era 15:40 e o meu ticket para o passeio de barco era entre 15h e 16h (os barcos saem a cada quinze minutos e você pode ir em qualquer horário dentro do intervalo de tempo que você comprou). O passeio custa $33.50 e você pode comprar antecipadamente pelo site oficial.
Segui o fluxo até chegar na região onde a gente embarcava, já admirada com tamanha beleza e grandiosidade das quedas d'água. De verdade, foi um dos lugares mais incríveis de belo durante toda a viagem (e olha que foram muitos!).
Subi o barco vestindo a minha capa de chuva vermelha, mesmo sabendo que com certeza sairia de lá bastante molhada. Afinal, não dizem que quem está na chuva é para se molhar? Não dá para imaginar ficar tão próximo da força das cataratas do Niágara e não se molhar nem um pouquinho, né? Seria, definitivamente, perder a melhor parte do passeio.
Fiquei na parte de baixo da embarcação, bem na extremidade da frente. Eu diria que não teria lugar melhor, viu? Foi como assistir ao espetáculo de camarote. Primeiro a gente passa pelas quedas d'água do lado americano, que são as duas menores, e depois seguimos até a maior, que é a do lado canadense.
A partir desse momento, tudo ficou mágico. O barco entrou pela névoa que, mesmo ainda distante, já se formava com a força estrondosa da catarata. Conforme a embarcação percorria as águas, as gaivotas voavam abrindo caminho à frente. Bem ao centro, aos pés da queda d'água, se formava uma enorme nuvem de fumaça, e se aproximar dela foi o ápice do passeio.
A tal da capa vermelha já não fazia mais tanto efeito com os pingos se tornando cada vez mais fortes, assim como o barulho das quedas, anunciando que a gente realmente estava ali, tão perto de uma das cachoeiras mais famosas do mundo. Essa hora vira uma grande festa no barco, como se todos compartilhassem do mesmo sentimento inexplicável de ver e viver um dos melhores momentos da vida.
Enfim, quando programei fazer esse passeio, meses antes de viajar, achei que seria apenas uma daquelas experiências totalmente turísticas. Mas, por mais megamente turística que seja, foi sim um dos melhores momentos da minha vida, e por mais que eu tente, palavras não fariam jus ao que eu vivi, então eu realmente indico a quem for: apenas faço o passeio de barco nas cataratas!
Após o passeio de barco, fui andar pela calçada às margens do rio, um mirante quilométrico para as cataratas. Dali você tem uma vista mais bonita que a outra. Do outro lado da via, há ainda belíssimos parques, como o Queen Victoria Park, com uma escadaria entre as árvores que dá acesso à parte alta da cidade.
Porém, o meu favorito foi o Oakes Garden Theatre, na intersecção com a Clifton Hill. Um lindo e enorme jardim com uma vista serena e incrível das cataratas. Ao redor há um corredor em pergolado, e andando por lá eu acabei caindo em uma espécie de jardim secreto tentando chegar no Hard Rock Café. A entrada para o Hard Rock eu não encontrei, mas encontrei algo bem melhor que nem estava no mapa.
Depois de ser barrada no casino que tem logo atrás, pois estava sem passaporte e o senhor da entrada não acreditou que eu era maior de idade 🤦♀️, fui passear pela Clifton Hill, a principal rua de Niagara Falls, que mais parece um parque de diversões a céu aberto. Tem muitas atrações que vão entreter principalmente crianças e adolescentes, mas que também podem ser divertidas para adultos, principalmente se tiver em grupo. Tem montanha-russa, roda-gigante, mini golfe, boliche e uma infinidade mais. Porém, cada uma delas é paga e no final das contas pode sair bem caro (ou você pode comprar o passe que dá acesso a seis atrações por $ 39.95).
Já chegando perto de anoitecer, parei em um restaurante para comprar comida para a janta. Nessa, acabei descobrindo a Tim Horton's, a maior rede de restaurantes canadense, conhecida por seus donuts e cafés. Eles têm um menu de almoço e janta que inclui bowls de frango, carne, e até opções veganas por cerca de $10. Foi a opção mais barata de comida que encontrei durante toda a viagem (a refeição é pequena, mas o suficiente para mim. Nos outros lugares era mais caro, porém costumava dar para duas refeições). No entanto, como a Tim Horton's é basicamente a única opção barata da região, prepare-se para enfrentar longas filas por lá.
À noite, após fazer minha refeição no hotel, desci para aproveitar alguma dentre as tantas opções de entretenimento. Bem em frente à minha hospedagem ficava o Niagara Speedway, uma pista de kart, que foi onde resolvi me aventurar. Custou $14.69 com as taxas inclusas. A corrida foi muito divertida. O percurso inclui rampas, espirais e uma descida ondulada, que quando eu era pequena chamava de "ôôô" exatamente pela sensação que causa quando passamos em velocidade. A minha eu de 23 anos atrás se fascinou com tantos "ôôôs", e a minha eu de hoje descobriu como é se sentir imensamente livre quando você consegue se entusiasmar com pequenas coisas, como o frio na barriga do "ôôô", e se divertir sozinha, tão longe de tudo e de todos que lhe são familiares.
Dia 6
Ida para Ottawa
Como o meu hotel estava em reforma e não estavam servindo café da manhã, o plano era comer em algum dos muitos restaurantes ao redor e depois ir para a rodoviária para seguir viagem. Para o meu espanto, porém, não tinha NENHUM restaurante aberto (e isso já era quase 10h da manhã!). O único que estava com cara de que iria abrir funcionava a partir das 11h, horário esse em que eu já estaria no ônibus a caminho de Toronto. Não sei se é porque era segunda-feira, ou por ser baixa temporada... mas se for se hospedar em Niagara Falls, por precaução faça uma comprinha de mercado antes.
Talvez na Clifton Hill especificamente tivesse algum estabelecimento aberto, mas como o tempo era apertado, peguei um Uber e fui logo para a rodoviária contando que lá talvez tivesse algo para comer. Chegando lá, também não tinha comércio aberto por perto, então só me restou tomar café da manhã de máquina, que no caso eram umas bem velhas com alimentos provavelmente igualmente velhos. Comprei um pacote de batata chips, um suco e um muffin de chocolate. Este último realmente confirmou a velha data dos produtos, pois quando abri estava até mofado - eca!
Após cerca de 1h30min de viagem cheguei no terminal de ônibus de Toronto. Dentro do prédio mesmo fui seguindo as placas até chegar na Union Station, onde pegaria um trem para Ottawa. Lá a infraestrutura já era muitíssimo melhor e eu pude almoçar uma boa comida em um restaurante na praça de alimentação. Paguei $13.65 em um combo de arroz com frango e refrigerante no Shangai 360. Saiu muitíssimo barato, pois a porção era grande e deu para duas refeições.

Peguei o trem e, após 4h30min de viagem, cheguei em Ottawa. A estação lá é bem menor que a Union Station, mas é moderna e toda limpinha, até mesmo o banheiro nem parecia ser de estação. Peguei o Uber e fui para o meu hotel. Como já era de noite, foi tempo apenas de me instalar e sair para comer.
Fiquei hospedada na melhor região da cidade, em Byward Market. Lá é cheio de restaurantes, bares e pubs, o lugar ideal para sair à noite. Escolhi jantar no Ahora Mexican Restaurant, pertinho do hotel. Uma dica para quem vai ao Canadá é comer em restaurantes de outras nacionalidades, pois como a população é em boa parte de imigrantes, você consegue ter uma autêntica experiência com comidas típicas. Eu adorei o Ahora!! O ambiente, a gastronomia e os atendentes fazem a gente realmente se sentir no México. Pedi um burrito de carne (que também só consegui comer metade e levei o restante para viagem hehe) e uma soda mexicana por $ 25.80.
No próximo post, vou compartilhar com vocês a minha experiência na capital canadense, Ottawa, incluindo o meu hotel, que achei a coisa mais fofa.
Espero que neste post eu tenha conseguido passar um pouquinho da emoção que é conhecer as cataratas da Niagara, principalmente de tão pertinho, como no passeio de barco. Há muitas outras opções de passeios por lá também, que vou deixar aqui embaixo, com valores de junho de 2024, em dólares canadenses:
Journey Behind The Falls, que também parece ser incrível ($25)
Niagara Falls Illumination (as cataratas iluminadas e coloridas à noite, gratuito)
Niagara Falls Fireworks (queima de fogos, gratuito)
Niagara Parks Power Station (a partir de $32)
Skylon Tower (a partir de $18)
Butterfly Conservatory ($19)
Whirlpool Aero Car ($19)
White Water Walk ($19)
Niagara Falls Zipline ($69.99. Também há outras atividades a partir de $19.99)
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