Da grandiosidade do Parlamento ao charme de ByWard Market, um itinerário de um dia a pé pela capital canadense – com direito a surpresas pelo caminho!

— Ôtáua — respondi quando alguém perguntou meu próximo destino. — Ôotáaua... — repeti, vagarosamente, quando percebi o olhar confuso no rosto da pessoa com quem conversava. — "The capital, the parliament..." — tentei explicar.
— "Oh... Orouá!".
E foi assim que eu descobri que a capital canadense, em inglês, tem uma pronúncia muitíssimo diferente do que a gente imagina (e que esse é um daqueles casos em que sim, a pronúncia vai fazer TOTAL diferença na hora de se fazer compreender).
Ottawa, a princípio, seria apenas um destino para pernoitar no meu roteiro: como o trajeto de Niagara Falls a Québec City era muito longo (quase 1.000km e mais de 12 horas de viagem de transporte público, tendo que fazer baldeação em alguns pontos e contando com pouquíssimo tempo entre cada uma delas, o que é bastante arriscado), iria dormir lá antes de seguir viagem. Mas, considerando que ela é uma das maiores cidades do país e a capital, decidi dormir duas noites por lá para ter pelo menos um dia inteiro para passear na cidade.
Apesar de Ottawa muitas vezes ficar fora do roteiro turístico dos viajantes, eu não me arrependi nem um pouco de tê-la incluído no meu: muito pelo contrário; se pudesse, teria dedicado mais dias. Ottawa foi provavelmente o lugar que mais me surpreendeu. Não prometia nada e entregou tudo. Digamos que se eu tivesse que e pudesse escolher um lugar para morar entre todos que já conheci, definitivamente seria Ottawa — apesar do frio, já que eu tenho mesmo o meu lado Elsa, que se derrete por temperaturas negativas.
A cidade é impressionante de linda, com seus prédios que mais parecem castelos. Os parques e a vegetação se fundem com as construções criando um cenário incrível, especialmente com as folhagens de outono. Além da beleza espetacular, Ottawa é extremamente limpa, organizada, cheia de história e cultura, as pessoas são acolhedoras e super prestativas (como em boa parte do Canadá, mas principalmente lá) e você consegue fazer tudo a pé se estiver bem localizado — ou seja, é uma cidade grande com aconchego de cidade pequena. Tem como ser melhor?
Neste post, vou compartilhar com vocês a continuação do meu roteiro de quinze dias viajando — sozinha — pelo Canadá, desta vez conhecendo Ottawa, a capital do país (Leia também: Parte 1: Roteiro gratuito em Toronto e Parte 2: O lado canadense de Niagara Falls).
Dia 7
História, cultura e arquitetura na capital
Cheguei de trem a Ottawa na noite anterior. Me hospedei no ByWard Blue Inn, um hotel charmoso localizado na região de ByWard Market, uma das áreas mais vibrantes da cidade. A localização é perfeita: você pode explorar a pé as principais atrações, além de estar rodeado por restaurantes, lojinhas e feiras locais.
Comecei o dia com um café da manhã, já incluso na diária do hotel. Tinha uma boa variedade (se comparado a outros hotéis canadenses ou estadunidenses, mas longe do nosso cafézinho da manhã à la brasileira): opções quentes, como salsicha, ovos, sanduíche e batatas; pães, bolo (muffin) e croissant; frutas, cereais e iogurte; e bebidas como chá, café, leite quente e suco. Estava tudo uma delícia! O melhor café da manhã que já comi fora do Brasil. Além de tudo, a hospitalidade dos funcionários do hotel tornou toda a estadia ainda mais especial, inclusive na hora do café da manhã.

Saí do hotel e segui para a primeira parada (mas parando em algumas lojinhas no caminho porque as artes e souvenirs canadenses são a coisa mais linda): a National Gallery of Canada, ou Galeria Nacional do Canadá. Mesmo que você não entre no museu, recomendo dar uma passada para admirar a famosa escultura de aranha na entrada, uma obra da artista Louise Bourgeois e um ícone de Ottawa. Se você gosta de arte, a visita ao museu pode valer muito a pena, com entradas a partir de $20 (às quintas, a entrada é gratuita das 17h às 20h). Na minha visita, preferi não entrar (gastei tudo o que não podia e mais um pouco com hospedagem, então precisei economizar nos passeios – e não me arrependo), mas explorei a loja, que tem itens incríveis – apesar dos preços um pouco salgados, é uma ótima oportunidade para levar um presente especial.
Logo em frente, visitei a Basílica de Notre Dame, um verdadeiro espetáculo de arquitetura gótica. A entrada é gratuita. O interior impressiona com seus vitrais, o teto azul decorado com estrelas douradas e o altar ricamente detalhado. É um lugar que traz paz e inspiração. Lá, passei ainda no subsolo, onde tem uma lojinha e um café para quem quer relaxar um pouco.
Depois, fui visitar outros pontos icônicos de Ottawa, passando no caminho pelo Major’s Hill Park, uma área verde encantadora, especialmente no outono, quando as folhas, que formam molduras frente aos prédios encantadores da cidade, assumem tons alaranjados. De lá, fui ao Rideau Canal, um Patrimônio Mundial da UNESCO. No inverno, ele se transforma na maior pista de patinação do mundo, mas no outono ele é perfeito para uma caminhada tranquila no calçadão às margens do canal, admirando a paisagem com o Rio Ottawa, a vegetação, o famoso hotel Fairmont Château Laurier e uma prévia do parlamento canadense no horizonte.
Segui então para o lugar que mais representa a capital: o Parliament Hill, o coração político de Ottawa. A área abriga os três principais edifícios do parlamento: o Centre Block, onde está a icônica Peace Tower; o West Block, onde acontecem as sessões da House of Commons (equivalente à Câmara dos Deputados); e o East Block, que preserva os escritórios históricos.
Eu visitei em um dia legislativo e assisti a uma sessão na House of Commons, algo gratuito e aberto ao público. Infelizmente não podia fotografar durante a sessão, mas eu fiquei meia hora admirando a arquitetura por dentro e tentando entender o que os parlamentares diziam (estavam discutindo sobre meio ambiente). Quando saí, passei na lojinha de souvenirs, que tinha opções ótimas e diferenciadas por um preço acessível. Se você quiser fazer um tour guiado no Parlamento, é bom agendar com antecedência pelo site oficial (nos dias em que há sessões — normalmente às terças e quartas —, não ocorre visita guiada, mas você pode entrar para assistir).
Depois de explorar o parlamento, parei para almoçar na região central. Optei pelo McDonald's (sempre uma alternativa rápida e acessível para quem quer economizar), mas ali perto, na Sparks Street, há várias opções de restaurantes e cafés para todos os bolsos. Passeando por essa charmosa rua exclusiva para pedestres, conheci ainda o Parliament: The Immersive Experience, uma atração interativa que recria a história do parlamento canadense. É gratuita e super interessante, especialmente para quem gosta de história, política e experiências imersivas.
Já no caminho de volta, tive uma grata surpresa: enquanto caminhava pelo National War Memorial, fui atraída pelo som de gaita de foles. Era a troca de guarda, uma cerimônia que acontece em horários específicos e é cheia de tradição. Foi emocionante assistir, mesmo sem planejar.
Fechei o dia no ByWard Market, uma região que ganha ainda mais vida no fim da tarde. Além das lojinhas e feiras, lá você encontra diversas opções de restaurantes, bares e pubs, além do famoso BeaverTails, uma sobremesa típica canadense que é uma espécie de massa frita coberta com açúcar, canela ou outros toppings.
Como a região é muito agradável, à noite fui ao Zak’s Diner, um restaurante estilo diner americano, com uma vibe super descontraída e pratos generosos (gastei $ 18.63 em uma sopa, salada e suco de laranja). Estava na companhia de dois brasileiros que conheci por lá, irmão e sobrinha de uma amiga, e que indicaram o lugar — e eu super aprovei!
À noite, debaixo de uma fina chuva de outono, voltei para o hotel para arrumar a minha bagagem e continuar a viagem. No dia seguinte, pegaria o trem rumo à cidade mais linda e charmosa que eu já conheci, também conhecida como Cidade de Québec.
Eu tive apenas um dia inteiro em Ottawa, o que foi suficiente para conhecer a região principal. Mas sinceramente, vale a pena dedicar alguns dias a mais do seu roteiro para essa cidade tão surpreendentemente encantadora. Entre outros lugares interessantes para visitar, estão o Museu Canadense de História (que eu fiquei com muita vontade de conhecer, aliás), o Canada Aviation and Space Museum, o Museu do Banco do Canadá, o Bytown Museum, no Rideau Canal, o Museu Canadense de Natureza, e o Gatineau Park, para quem gosta de natureza. No instagram @ottawalist você encontra muitas sugestões de lugares e agenda de eventos e atividades na cidade.
Dia 8
Ida para Québec City
Na manhã seguinte, após tomar o café da manhã e fazer check out no hotel, peguei o Uber para a estação de trem. Embarquei então rumo à Québec City, em uma viagem de seis horas. Cheguei na estação Gare Du Palais por volta das 16h30 e, por mais que ficasse a apenas 2 km do hostel, como estava chovendo nem arrisquei em tentar pegar ônibus; pedi logo um Uber.
Fiz check in e me acomodei no hostel (um tanto peculiar, inclusive, mas isso é pauta para o próximo post), e saí para jantar no restaurante em frente, o Chika Ramen Izakaya. Foi a primeira vez que comi rámen e não imaginava que era tão bom (paguei $ 22.50 e dei conta só da metade, a outra porção levei para viagem)!! Voltei para a acomodação e, como chegávamos na metade da viagem, já era tempo de lavar roupa (só assim para uma mala de mão somente aguentar duas semanas do frio outono canadense). Comprei o sabão líquido na recepção e desci para usar a lavanderia do hostel.
No próximo post eu vou detalhar os meus dias na cidade mais francesa do Canadá. Se inscreva no blog para acompanhar as atualizações e não perder! Você também pode ver as dicas desta viagem no Instagram @isasevindas, está tudo lá nos destaques 😊
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