Os gastos costumam ser uma das grandes preocupações de quem planeja viajar. Aqui eu falo, detalhadamente, de cada real investido na minha viagem para Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este.

Viajar para a Argentina está mesmo absurdamente barato? E o Uruguai, é caro? Em outubro deste ano eu tive a oportunidade de conhecer, brevemente, esses dois destinos e descobri na prática sobre a realidade de quanto vale nossos suados dinheiros por lá. Aqui eu mostro quanto custou cada item da minha viagem de 9 dias para Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este.
É importante dizer que o valor gasto varia muito de acordo com o perfil do viajante. Esta foi a minha primeira viagem exclusivamente turística após a pandemia e de lá para cá o meu perfil mudou um tanto. Antes, eu me encaixava no que costumo chamar de "viajante super econômico" (basta olhar meu post de 2019 "Quanto custa viajar para os EUA"). Eu só não abria mão de um quarto privado, mas em todo o resto eu economizava o quanto fosse necessário para fazer caber a viagem no meu - baixo - orçamento. Hoje, eu me defino como "viajante com conforto", o que significa que eu me disponho a gastar mais com hospedagem, alimentação e até transporte/voos para viajar quando e como é mais conveniente para mim.
Independente do seu perfil, ter uma ideia dos preços locais a partir da experiência de outros viajantes pode dar uma base para o seu planejamento. Abaixo compartilho os detalhes dos meus gastos divididos em categorias, indicando os valores exatos também em moeda local, e ao final um resumo com a conversão já em real. Para outubro de 2022, peguei cotação de 57 pesos argentinos e de 7,50 pesos uruguaios por real.

1 - Transporte
O item mais caro da viagem foi transporte. Aqui incluem todos os trechos: tanto aqueles entre os países, como os internos e também os deslocamentos nas cidades. A princípio eu faria essa viagem sozinha, por isso decidi ir para o Uruguai, por ser um lugar tranquilo, e resolvi incluir Buenos Aires pois iria até Colônia del Sacramento, que fica próxima à capital argentina. Ponderando os meus dias de férias com as opções de passagens, a melhor opção foi ir do Brasil para Buenos Aires e voltar por Montevidéu.
A passagem de São Paulo para a Argentina custou R$ 732,78 pela Aerolíneas Argentinas, e a de Montevidéu para Brasília R$ 1.667,89 pela Gol. Este último trecho saiu caro, mas eu comprei no dia que decidi sobre a viagem e também para a data que eu precisava estar de volta. Uma forma de economizar neste item é acompanhar o preço pelo Google Flights e comprar a passagem quando baixar. Ter flexibilidade de datas também é importante (ou seja, dois passos que eu não pude seguir desta vez).
Quando minha mãe decidiu viajar comigo eu mudei um pouco o roteiro para passar mais tempo em Buenos Aires, seguindo viagem de lá diretamente para Montevidéu e deixando para conhecer Colônia del Sacramento em outra oportunidade. Esse trecho nós fizemos de Buquebus, que é uma espécie de "ferry boat chique" (R$ 507,37 por pessoa). Da capital uruguaia nós também fomos para Punta del Este de ônibus. A passagem de ida e volta, por pessoa, custou R$ 106,35, comprando pelo site da Copsa.

Em Buenos Aires o metrô foi a nossa principal opção de deslocamento, porque além de muito barato ele te leva aos principais pontos da cidade. Para usar é necessário comprar o cartão SUBE (pagamos $ 190 - pesos argentinos -, o equivalente a R$ 3,33) em algum kiosco, que são tipo lojinhas de conveniência que têm em todo lugar por lá, e carregar na estação. O valor de cada viagem é de $ 42, menos de 1 real.
Na chegada ao aeroporto pegamos táxi para o nosso Airbnb, que ficava no bairro Recoleta ($ 2.790, aproximadamente R$ 48,95). Este foi o maior gasto com deslocamento em Buenos Aires. Em outras duas ocasiões pegamos Uber: uma para voltar para o apartamento à noite depois de um show de tango ($ 760); e outra para ir para o terminal do Buquebus com as nossas bagagens ($ 1.100).
Em Montevidéu nós usamos táxi duas vezes: do terminal do Buquebus para o nosso hotel em Punta Carretas ($U 371 - pesos uruguaios -, cerca de R$ 49,47); e do terminal de ônibus Tres Cruces para o hotel, quando voltamos de Punta del Este ($U 350, aproximadamente R$ 46,67). Pegamos Uber do hotel para a rodoviária ($U 215); do centro para a nossa hospedagem, no dia em que fui conhecer a parte histórica da cidade ($U 208,74); e por último, do hotel para o aeroporto, que foi a corrida mais cara da viagem ($U 1.200, mais de R$ 140). De ônibus em Montevidéu andei uma vez. A passagem custa $U 48, o equivalente a R$ 6,40.
Já em Punta del Este o principal meio de locomoção foram os pés! Tanto o trajeto entre a rodoviária e o hotel como no dia em que saímos para conhecer a região do porto, nós fizemos tudo andando. Nossa hospedagem tinha uma ótima localização e Punta é um lugar muito favorável para explorar a pé, pois é uma cidade bastante plana, com calçadas amplas e limpas. Fomos de Uber apenas para o Museu Casapueblo ($U 672, cerca de R$ 89,60), que na verdade fica em Punta Ballena, um trajeto de trinta minutos de carro. Na volta, pegamos carona com uns brasileiros que conhecemos por lá.
Total de gastos (em reais) com transporte: R$ 3.286,33 (Passagem aérea São Paulo -> Buenos Aires; Buquebus BA -> Montevidéu; passagem aérea Montevidéu -> Brasília; ônibus Montevidéu -> Punta del Este; metrô e ônibus nas cidades; Uber e táxis).
Importante dizer que, como eu viajei com a minha mãe, os valores dos trajetos de táxi e Uber foram divididos por duas pessoas.
Média de gastos por dia com transporte durante a viagem: R$ 29,46.
2 - Hospedagem
Em Buenos Aires confesso que achei a estadia um item mais caro do que imaginava. Porém, nesta viagem eu priorizei boas hospedagens, visando a segurança e a localização. Se hospedar no centro, por exemplo, saía bem mais barato, além de ser perto dos principais pontos turísticos, mas à noite é uma região que costuma ficar mais erma e perigosa.
Ao pesquisar no Google "onde ficar em Buenos Aires" há uma opinião que é unânime: o bairro Recoleta sempre aparece em primeiro lugar. E foi lá que ficamos, em um super charmoso Airbnb. Quatro diárias para duas pessoas ficaram R$ 1.472,95. Apesar dos preços na região serem mais elevados, eu achei que não poderia ter feito escolha melhor.

Em Montevidéu ficamos em Punta Carretas, no Hotel Ibis Styles Biarritz. É também uma das melhores regiões para se hospedar na cidade, ao lado de Pocitos. Fizemos a reserva com aproximadamente dois meses de antecedência e pegamos um bom preço: R$ 1.151,56 para quatro diárias, com café da manhã incluso. Cerca de R$ 288 por diária para duas pessoas.
Apenas um mês depois de ter feito essa reserva é que decidimos ir para Punta del Este. Porém, como faltava pouco tempo para a viagem, não compensava cancelar e fazer outra, por isso mantivemos como estava em Montevidéu e reservamos uma noite de estadia em Punta. Ficamos no 20 Hotel (R$ 356,12 a diária), que é simples mas aconchegante e muito bem localizado.
Por fim, na véspera da nossa saída do Brasil para a Argentina, nos hospedamos perto do Aeroporto de Guarulhos para evitar estresse, visto a imensidão que é São Paulo. Ficamos uma noite no Comfort Hotel (R$ 333,60 a diária), com café da manhã incluso e transfer gratuito para o aeroporto.
Em resumo foram 4 noites em Buenos Aires, 4 em Montevidéu, 1 em Punta del Este e 1 em Guarulhos.
Total gasto com hospedagem: R$ 1.657,12 (por pessoa).
3 - Alimentação
Este é um gasto bastante variável. Desta vez eu (ao menos) tentei fazer refeições melhores e mais saudáveis (das vezes que fui para os Estados Unidos me entreguei aos fast foods). Na Argentina foi fácil pois além de o câmbio estar favorável para a gente, comer fora por lá é um tanto mais barato que no Brasil.
A refeição mais cara em Buenos Aires custou $ 3.400 pesos (por pessoa), o equivalente a R$ 59,65 na cotação da época. Foi o dia em que provamos da famosa carne argentina no Gran Parrilla del Plata em San Telmo. Este valor incluiu o bife de chorizo, batatas, salada, entrada e refrigerante. Foi suficiente para duas pessoas e ainda sobrou.

Um menu executivo do dia em um simples restaurante na Recoleta custou $ 1.390 pesos (entrada + prato principal + bebida), cerca de R$ 24,40. Já um combo Whopper no Burger King com lanche, batata e refri foi $ 1.400 (R$ 24,56), e uma noite de comida mexicana no Taco Box, $ 2.100 por pessoa (R$ 36,84).
Por outro lado, alimentação no Uruguai é um item muitíssimo caro. Enquanto na Argentina um churrasco em um bom e tradicional restaurante ficou menos de R$ 60, em Montevidéu comer o mesmo no El Palenque no Mercado do Porto custou R$ 135 para uma pessoa (carne, queijo, entrada e refrigerante). Tomamos por costume comer salada no Mc Donald's, que era mais rápido, barato e saudável. Duas saladas com frango, um suco e uma batata média ficava por $U 908 para duas pessoas, aproximadamente R$ 121. Um combo no Burger King era $U 435, ou R$ 58.
Por dia, a média de gastos com alimentação foi de R$ 78,86.
Total gasto com alimentação: R$ 709,78.
4 - Compras
Eu comprei pouquíssima coisa nesta viagem. A maior parte do dinheiro gasto neste item acabou sendo utilizada no último dia, já no aeroporto, para gastar as últimas notas de pesos uruguaios. Em Buenos Aires eu adorei a La Casa del Dulce de Leche! Comprei um delicioso doce de leite de meio quilo por $ 680 pesos, cerca de R$ 12,00! Além disso, todos os atendentes são brasileiros e você tem a opção de experimentar os doces. Comprei também uma caneca da Mafalda - em uma das lojinhas de souvenirs perto da estátua da personagem - por $ 1.290 (R$ 22,63), mas depois descobri que a feirinha de San Telmo, na Plaza Dorrego, é o melhor lugar para comprar lembrancinhas, e levei dois ímãs de lá por $ 700.
No Uruguai eu comprei somente dois ímãs de geladeira em Punta del Este por $U 100 (R$ 13,33) e três potinhos de doce de leite no Mercado do Porto, que foram uma das poucas coisas baratas por lá ($U 120 os três). No aeroporto, na volta, comprei um chaveiro e um copo de tequila bem ornamentado, sendo que cada um deles custou $ 10,90 dólares! Foi mesmo para gastar os últimos pesos uruguaios...
Total gasto com compras: R$ 209,89.

5 - Outros
Aqui, apenas o Uruguai exigia seguro viagem com cobertura para covid-19 devido à pandemia. Mas independente de ser obrigatório ou não, eu nunca viajo sem seguro. Acho que vale a máxima de antes ter e não precisar do que precisar e não ter. Em 2019, na minha viagem para os Estados Unidos, eu contei que a minha amiga teve apendicite e precisou fazer cirurgia em Washington. Nós tínhamos seguro e ele cobriu tudo. Além disso, é um valor tão pequeno que não vale a pena correr o risco. Eu uso e indico o site da Real Seguro Viagem para comparar os planos e contratar com o melhor preço. Nesta viagem, eu paguei apenas R$ 109,84 por um seguro com cobertura para covid para nove dias de viagem na América do Sul.
Outro item que entra nessa lista é o chip de celular para ter internet durante a viagem. Eu acabei comprando somente em Buenos Aires. Tive uma dificuldade imensa (relatei nos meus stories no @isasevindas) devido à comunicação. Eu não falo nem um pouco de espanhol e nessa experiência da busca pelo chip achei os argentinos sem paciência para se fazerem compreender. Por fim, pedi ajuda ao primeiro vendedor brasileiro que encontrei na rua Florida e ele me arranjou um, mas achei caro ($ 1.900 1GB de internet para três dias, cerca de R$ 33,33).
No Uruguai, para não perder tempo novamente, decidi ficar apenas com o Wi-Fi e foi super tranquilo. É muito fácil encontrar Wi-Fi em lojas, restaurantes e lugares públicos, e a qualidade da internet lá costuma ser muito boa.
Fechando esta lista, precisei comprar uma solução para lente de contato em Buenos Aires, que custou $ 1.100 (R$ 19,30).
Total com demais gastos: R$ 162,48.
6 - Passeio
Nas minhas viagens, eu costumo gastar pouco com passeios. Minha atividade preferida é andar pelas ruas conhecendo a cidade, além de dar prioridade a atrações gratuitas, porém não abro mão das experiências que faço questão de ter.
Nesta viagem tinham dois passeios que eu queria muito fazer: assistir a um show de tango em Buenos Aires (escolhemos o do Café Tortoni pois queríamos algo mais intimista. Pagamos $ 6.000 pesos argentinos, o equivalente a R$ 105,26 por pessoa, apenas a entrada); e ver o pôr do sol no Museu Casapueblo no Uruguai (R$ 54,02 por pessoa o ingresso, reservando pelo Booking). Este último inclusive foi o motivo de incluirmos Punta del Este no nosso roteiro e valeu muito a pena, tanto pela cidade, que é uma das mais lindas que já conheci, quanto pela experiência incrível no museu.
Total gasto com passeios: R$ 159,30.

7 - Mercado
Como em Buenos Aires estávamos em Airbnb, o gasto com mercado por lá foi maior, já que a maior parte das compras aqui era para o café da manhã. No total gastamos R$ 64,70 por pessoa com este item na capital argentina. Algumas coisas eu achei baratas e outras com preço semelhante ao Brasil, considerando a cotação que pegamos. Um galão de água de 6 litros, por exemplo, custava $ 270, cerca de R$ 4,75, e o de 2 litros variava de $80 a $190 (R$ 1,40 a R$ 3,33).
No Uruguai, como nos hospedamos em hotel, gastamos menos com supermercado já que tínhamos o café da manhã. Foi R$ 38,87 por pessoa. Porém, os produtos lá são bem mais caros. Uma Coca-Cola de 600 ml no mercado perto de onde estávamos, em Montevidéu, custava $U 60 (R$ 8), e a água de 1,5 litro, $U 64 (R$ 8,53).
Total gasto com mercado: R$ 103,57 (por pessoa).
Conclusão...
Com a experiência desta viagem, eu considero que:
Viajar para a Argentina atualmente está barato desde que você pegue uma boa cotação (a Western Union é a que oferece o melhor câmbio de forma segura, aproximadamente duas vezes mais barato do que pelo câmbio oficial), mas não é como se a gente fosse super rico no país vizinho já que a inflação é alta e os preços são nas casas das centenas/milhares (ex: 1 real quando fui valia 57 pesos, mas uma água de 2 litros custa mais de 100 pesos);
Alimentação e transporte são dois itens muito baratos na Argentina. Comer em restaurante lá é significantemente mais barato do que aqui no Brasil, principalmente considerando cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília (levando em conta a cotação da Western Union); e andar de transporte público também (a passagem não chega a 1 real). Fora isso, achei os preços normais, no geral;
O custo de vida no Uruguai é realmente muito caro, mais do que eu esperava. Ao contrário do que eu disse da Argentina no parágrafo acima, comer fora é muito caro, e o transporte também (a corrida de Uber para o aeroporto em Montevidéu, por exemplo, deu mais de R$ 140, e do nosso hotel até o Museu Casapueblo, em Punta del Este, quase R$ 90, uma corrida de pouco mais de 20 minutos). Até mesmo o mercado é muito caro lá, mais ou menos o dobro do que estamos acostumados no Brasil.
Encontrar uma boa hospedagem com preço razoável foi mais fácil nas cidades uruguaias, mas no período de alta temporada, principalmente no verão (dezembro e janeiro), os valores aumentam muito. Imagino que como Buenos Aires recebe visitantes o ano inteiro é mais difícil encontrar diárias relevantemente mais baratas, por isso a estadia no Uruguai custou menos, ainda contando com o café da manhã.
É isso! Compartilhei com vocês cada real investido, desde o planejamento até a realização, para visitar essas três cidades. Os valores podem variar para cima e para baixo dependendo do seu perfil de viajante, como mencionei no início, mas espero que a minha experiência possa ajudar na organização da sua viagem :)
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